Toupeirando

O pai e a amamentação

Agora que a nossa bebé completou 7 meses, apercebi-me que já ultrapassámos o tempo mínimo de amamentação que queria cumprir (6 meses). Podia dizer, como muitas outras mães e bloggers, que o conseguimos as duas, que foi uma vitória nossa, mas não acredito nisso, houve trabalho dos três.

Por isso, agora que o Toupeiro está longe e as saudades são já mais que muitas e perto de insuportáveis, deixo aqui o meu lamiré sobre o papel do pai na amamentação.

A amamentação é referida como um momento entre a mãe e o bebé. Ela é a única que o pode fazer e as dificuldades que grande parte das mulheres experimentam levam a que a amamentação seja feita de modo muito recatado.

No Dia do Pai dei por mim a pensar em como é injusto, atribuir todo o sucesso da amamentação à mãe, às CAM, aos profissionais, a toda a gente menos ao pai. Como é óbvio, este texto é baseado na minha experiência e opinião pessoal.

Quando nos primeiros tempos o bebé só quer estar agarrado à mãe, mais particularmente às mamas da mesma, o pai é pouco mais que um espectador. Pode trocar umas fraldas, dar o banho, ajudar com as lides domésticas, mas a alimentação é exclusiva da mãe, e é provável que o bebé só a queira a ela.

A Toupeirinha era assim, além da fome, havia a questão do conforto que ela só parecia encontrar nas minhas mamas [para quem não sabe, este é o termo médico]. Por várias vezes vi um olhar triste no Toupeiro, por não conseguir acalmar a sua filha. Demasiadas vezes o vi triste e preocupado por me ver chorar [mas na altura não me conseguia preocupar com isso].

O primeiro mês foi duro, as pressões para controlar o peso e introduzir o suplemento foram muitas, e a Bebé Toupeira não queria acordar para comer [fosse biberão ou suplemento]. Foi uma guerra que não quero recordar, mas também não quero esquecer, porque me relembra que ELE, mais do que ninguém, esteve ao meu lado, tanto nas decisões, como nos momentos em que chorávamos as duas.

As coisas já estão a ser difíceis, e depois há todos aqueles momentos em que eles não devem fazer barulho ou interromper o acto de dar de mamar, porque finalmente conseguimos que eles agarrem na mama como deve ser e a mínima coisa parece incomodar. Fico mesmo triste quando me lembro como às vezes fui bruta com ele por vir “interromper” aquele momento que descrevem como sendo só da mãe e do bebé.

O que não dizem quando falam em “nosso”, é que deve ser dos três, porque mesmo que o pai não tenha mama, não consiga ser muito útil, pode estar lá para fazer companhia. Para que a hora e meia que o bebé passa na mama [a Toupeirinha chegava a estar mais tempo] não seja cheia de solidão.

O pai também tem uma palavra a dizer sobre a amamentação, e por muito que não conheçam a sensação de amamentar e todas as hormonas que interferem connosco nesse momento,  conseguem perceber que cientificamente é melhor para o bebé. É preciso permitir ao pai participar mais neste momento de ternura e cansaço. Acredito que mais pais apoiariam a amamentação se não fossem postos de parte.

Eu só posso agradecer, pelo pai e marido maravilhoso que o Toupeiro foi. Mesmo quando as lágrimas rolaram ou a “mãezilla” dentro de mim se libertou [muitas vezes sem razão], ele não desistiu e continuou a tentar fazer parte de algo que me venderam como sendo só “nosso”. Agora [e é comovida que escrevo isto], sei que o nosso é a três e não a duas. [Se contarmos com a Sookie que gosta de saber tudo o que se passa, às vezes é a quatro]

Não demorei 7 meses a perceber isto, mas demorei a saber como o escrever. É que isto de partilhar sentimentos e a vida sem revelar demais, é complicado para uma faladora como eu.

Vamos em 7 meses de amamentação e vamos continuar, sempre com o apoio do nosso homem preferido, que faz parte deste circulo de intimidade, mesmo que neste momento seja por videochamada.

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